segunda-feira, 9 de março de 2015

Today I had a dream of a The Big Bang Theory's episode

Emily (Famke Janssen) has been very busy lately and doesn't have time to see Raj. Raj is home feeling alone.

Wolowitz builds a time machine. He, Leonard, Penny and Sheldon travel back in time. They end up on a beach on Brazil where there are dinosaurs. At a certain point, a legion of dinosaurs walks towards them in a formation to assault. Sheldon has Green Lantern's ring of power and uses it to carry them to the moon where they're safe, except for Penny, who had a fight with Leonard and went to take a walk by herself.

They need Raj to help bring them back, but can't contact him. They ask Emily to go talk to him. When she comes, it's night. Raj's balcony is full of women, whose names are also Emily, looking at the sky with him. And there is also a guy (younger Leonardo DiCaprio) with an Indian name which I can't remember, that was there because of his shiny blue eyes. She says "Howard needs you". Raj says "no one needs me".

The episode is over.

They show bloopers of Penny in panties and Leonard cheking her ass.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

"Amor Epidérmico" - Martha Medeiros

Seus pais foram jantar fora e deixaram o apartamento só para você, seu namorado e a tevê a cabo. Que inconseqüentes! Em menos de um minuto vocês deixam a televisão falando sozinha e vão ensaiar umas cenas de amor no quartinho dos fundos. De repente, escutam o barulho da fechadura. Seu pai esqueceu o talão de cheques. Passos no corredor. Antes que você localize sua camiseta, sua mãe se materializa na porta. Parece que ela está brincando de estátua, mas não resta dúvida que entrou em estado de choque. Você diz o quê? Mãe, a carne é fraca.

A desculpa é esfarrapada mas é legítima. Nada é mais vulnerável que nosso desejo. Na luta entre o cérebro e a pele, nunca dá empate. A pele sempre ganha de W.O.

Você planeja terminar um relacionamento. Chegou à conclusão que não quer mais ter a seu lado uma pessoa distante, que não leva nada à sério, que vive contando piadinhas preconceituosas e que não parece estar muito apaixonado. Por que levar a história adiante? Melhor terminar tudo hoje mesmo. Marca um encontro. Ele chega no horário, você também. Começam a conversar. Você engata o assunto. Para sua surpresa, ele ficou triste. Não quer se separar de você. E para provar, segura seu rosto com as duas mãos e tasca-lhe um beijo. Danou-se.

Onde foram parar as teorias, os diálogos que você planejou, a decisão que parecia irrevogável? Tomaram Doril. Você agora está sob os efeitos do cheiro dele, está rendida ao gosto dele, está ligada a ele pela derme e epiderme. A gravação do seu celular informa: seus neurônios estão fora da área de cobertura ou desligados.

Isso nunca aconteceu com você? Reluto entre dar-lhe os parabéns ou os pêsames. Por um lado, é ótimo ter controle absoluto de todas as suas ações e reações, ter força suficiente para resistir ao próprio desejo. Por outro lado, como é bom dar folga ao nosso raciocínio e deixar-se seduzir, sem ficar calculando perdas e danos, apenas dando-se ao luxo de viver o seu dia de Pigmaleão.

A carne é fraca, mas você tem que ser forte, é o que recomendam todos. Tente, ao menos de vez em quando, ser sexualmente vegetariano e não ceder às tentações. Se conseguir, bravo: terá as rédeas de seu destino na mão. Mas se não der certo, console-se. Criaturas que derretem-se, entregam-se, consomem-se e não sabem negar-se costumam trazer um sorriso enigmático nos lábios. Alguma recompensa há de ter.

Martha Medeiros

"Sentir-se amado" - Martha Medeiros

O cara diz que te ama, então tá. Ele te ama.

Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado.

Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de milhas, um espaço enorme para a angústia instalar-se.

A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e verbalização, apesar de não sonharmos com outra coisa: se o cara beija, transa e diz que me ama, tenha a santa paciência, vou querer que ele faça pacto de sangue também?

Pactos. Acho que é isso. Não de sangue nem de nada que se possa ver e tocar. É um pacto silencioso que tem a força de manter as coisas enraizadas, um pacto de eternidade, mesmo que o destino um dia venha a dividir o caminho dos dois.

Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que sugere caminhos para melhorar, que coloca-se a postos para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você, caso você esteja delirando. "Não seja tão severa consigo mesma, relaxe um pouco. Vou te trazer um cálice de vinho".

Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você contou dois anos atrás, é vê-la tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d´água. "Lembra que quando eu passei por isso você disse que eu estava dramatizando? Então, chegou sua vez de simplificar as coisas. Vem aqui, tira este sapato."

Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro. Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que não existe assunto proibido, que tudo pode ser dito e compreendido. Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo. Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta.

Agora sente-se e escute: eu te amo não diz tudo.

Martha Medeiros

"A dor que dói mais" - Martha Medeiros

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.

Martha Medeiros

"O Medo de Amar" - Martha Medeiros

Medo de amar? Parece absurdo, com tantos outros medos que temos que enfrentar: medo da violência, medo da inadimplência, e a não menos temida solidão, que é o que nos faz buscar relacionamentos. Mas absurdo ou não, o medo de amar se instala entre as nossas vértebras e a gente sabe por quê.

O amor, tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba. Rasga a gente por dentro, faz um corte profundo que vai do peito até a virilha, o amor se encerra bruscamente porque de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente porque não há mais interesse ou atração, sei lá, vá saber o que interrompe um sentimento, é mistério indecifrável. Mas o amor termina, mal-agradecido, termina, e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. Dói em quem tomou a iniciativa de romper, porque romper não é fácil, quebrar rotinas é sempre traumático. Além do amor existe a amizade que permanece e a presença com que se acostuma, romper um amor não é bobagem, é fato de grande responsabilidade, é uma ferida que se abre no corpo do outro, no afeto do outro, e em si próprio, ainda que com menos gravidade.

E ter o amor rejeitado, nem se fala, é fratura exposta, definhamos em público, encolhemos a alma, quase desejamos uma violência qualquer vinda da rua para esquecermos dessa violência vinda do tempo gasto e vivido, esse assalto em que nos roubaram tudo, o amor e o que vem com ele, confiança e estabilidade. Sem o amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo perde o sentido, músicas idiotas nos fazem chorar dentro do carro.

Passa a dor do amor, vem a trégua, o coração limpo de novo, os olhos novamente secos, a boca vazia. Nada de bom está acontecendo, mas também nada de ruim. Um novo amor? Nem pensar. Medo, respondemos.

Que corajosos somos nós, que apesar de um medo tão justificado, amamos outra vez e todas as vezes que o amor nos chama, fingindo um pouco de resistência mas sabendo que para sempre é impossível recusá-lo.

Martha Medeiros

"Despedida" - Martha Medeiros

Existem duas dores de amor: A primeira é quando a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel.

A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.

A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, a dor de virar desimportante para o ser amado. Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também…

Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém. É que, sem se darem conta, não querem se desprender. Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir, lembrança de uma época bonita que foi vivida… Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual a gente se apega. Faz parte de nós. Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente, e que só com muito esforço é possível alforriar.

É uma dor mais amena, quase imperceptível. Talvez, por isso, costuma durar mais do que a ‘dor-de-cotovelo’ propriamente dita. É uma dor que nos confunde. Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: “Eu amo, logo existo”.

Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou,
externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente… E só então a gente poderá amar, de novo.

Martha Medeiros

"O Contrário do Amor" - Martha Medeiros

O contrário de bonito é feio, de rico é pobre, de preto é branco, isso se aprende antes de entrar na escola. Se você fizer uma enquete entre as crianças, ouvirá também que o contrário do amor é o ódio. Elas estão erradas. Faça uma enquete entre adultos e descubra a resposta certa: o contrário do amor não é o ódio, é a indiferença.

O que seria preferível, que a pessoa que você ama passasse a lhe odiar, ou que lhe fosse totalmente indiferente? Que perdesse o sono imaginando maneiras de fazer você se dar mal ou que dormisse feito um anjo a noite inteira, esquecido por completo da sua existência? O ódio é também uma maneira de se estar com alguém. Já a indiferença não aceita declarações ou reclamações: seu nome não consta mais do cadastro.

Para odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio, e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastamos energia, neurônios e tempo. Odiar nos dá fios brancos no cabelo, rugas pela face e angústia no peito. Para odiar, necessitamos do objeto do ódio, necessitamos dele nem que seja para dedicar-lhe nosso rancor, nossa ira, nossa pouca sabedoria para entendê-lo e pouco humor para aturá-lo. O ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor.

Já para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. A pessoa em questão pode saltar de bung-jump, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca, coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligamos. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada.

Uma criança nunca experimentou essa sensação: ou ela é muito amada, ou criticada pelo que apronta. Uma criança está sempre em uma das pontas da gangorra, adoração ou queixas, mas nunca é ignorada. Só bem mais tarde, quando necessitar de uma atenção que não seja materna ou paterna, é que descobrirá que o amor e o ódio habitam o mesmo universo, enquanto que a indiferença é um exílio no deserto.

Martha Medeiros

segunda-feira, 8 de março de 2010

Egoísmo, Outrísmo e Altruísmo

Visão de mundo: egoísta, outrísta e altruísta

Entender como você enxerga o mundo é primordial para sabermos como será nossa reação aos estímulos externos. Sejam eles ligados ou não a um relacionamento afetivo.

Em um primeiro momento estes conceitos podem não fazer sentido, mas serão indispensáveis para o entendimento de como você lida com tudo que acontece na sua vida.

Egoísmo

Este é a forma mais comum de visão de mundo. Poderíamos simplificar para: existe “o eu” e o resto das coisas. Isso faz com que as suas decisões, atitudes e comportamento partam da ótica que as coisas é que estão ao seu redor, em palavras simples: as coisas estão para me servir. Em maior ou menor grau nós todos atuamos desta forma.

Quando nós partimos do princípio que existe o “eu” e o resto das coisas, nós começamos a achar que as coisas “só acontecem comigo”, que fulano olhou desta forma e então isso quer dizer que ele está bravo comigo, quando o pneu do carro furou e nos fez perder o compromisso importante falamos: “isso só acontece comigo”.

Ué! Pneus furam o tempo todo, com várias pessoas. Por que achamos que há um tipo de conspiração cósmica que faz com que olhares malvados sejam jogados sobre nós, que as coisas “só acontecem” comigo.

Ser egoísta não é só mesquinhar as coisas ou só pensar em você. É também achar que as coisas só acontecem conosco, ou que determinado fato só aconteceu por causa da nossa interferência. Se seu cachorro fizesse xixi no seu tapete você iria achar que ele fez aquilo só para te irritar? E por que quando alguém fala atravessado você acha que tal pessoa está brava contigo?

Tire-se do centro do universo e verá que as coisas são o que são, independente da sua interferência ou vontade.

Ego

O ego faz com que haja esta percepção de que somos uma unidade, nossa percepção de individualidade. O ego em si não é uma coisa boa nem ruim, é uma ferramenta como o fogo que pode queimar sua casa ou preparar sua comida, depende de como você o utiliza, pois sem ego não há criatividade, combatitividade, arte ou beleza.

Se eu segurar em sua mão ameaçando cortá-la você reagirá rapidamente tirando-a da ação do perigo.

Sua reação foi motivada pelo medo de perder a sua mão, nada mais sábio do que a autopreservação. Contudo, nosso ego infla e começa a abarcar aquilo que está ao nosso redor achando que outras coisas são “suas”, “pertencem” a você, quando na realidade são coisas ao seu redor que no máximo você interage.

O problema está quando você começa a ter a mesma reação instintiva de autopreservação com coisas externas a você: carro, casa, emprego, posição, namorada…

Seu ego, quando educado pode construir muita coisa, mas a mesma força que ele tem para construir a população em geral usa para destruir.

A visão egoísta está ligada ao seu ego encampando como “você” coisas ao seu redor. Você saberá que está projetando seu ego quando tiver medo de perder. Medo de perder a namorada ou namorado, medo de perder o emprego, medo de perder o carro, medo disso, medo daquilo.

Automaticamente terá uma reação instintiva de “autopreservação” muito parecida com aquela que teria no caso hipotético de alguém querer cortar a sua mão.

É importante entender isso, pois muito da nossa reação perante os desafios de um relacionamento afetivo estão conectadas ao ego projetado sobre as pessoas ao nosso redor: “sua” namorada, “seu” marido, “meu” filho, meu amigo, etc.

Outrísmo

De forma coloquial eu chamo de outrísmo aquela modalidade de altruísmo em que a pessoa se anula em prol do outro.

Este modo de ver o mundo é de forma insipiente chamado de altruísmo. No imaginário popular altruísmo está lidado a doar-se completamente em prol aos outros sem pensar em si. Eliminando totalmente ou quase o ego.

Altruísmo

Na visão altruísta ao contrário da egoísta, você faz parte de um todo e sabe que tudo está conectado. Sua percepção é que nada é seu, pois você mesmo não é de ninguém. Você se sente integrado a tudo e a todos, chegando ao ponto de que a felicidade de uma pessoa próxima é a sua felicidade também.

Dentro do altruísmo o seu ego é usado como ferramenta para construir o que deseja ser construído ao invés de usar a força do ego para o embate entre dois mamíferos que estão em última instância brigando por território.


Veja aqui o Post Original, no blog de Marco Carvalho.

sábado, 6 de março de 2010

A loja de CDs

Era uma vez um garoto que nasceu com uma doença que não tinha cura.
Tinha 17 anos e podia morrer a qualquer momento. Sempre viveu na casa de seus pais, sob o cuidado constante de sua mãe.
Um dia decidiu sair sozinho e, com a permissão da mãe, caminhou pela sua quadra, olhando as vitrines e as pessoas que passavam.
Ao passar por uma loja de discos, notou a presença de uma garota, mais ou menos da sua idade, que parecia ser feita de ternura e beleza. Foi amor a primeira vista.
Abriu a porta e entrou, sem olhar para mais nada que não a sua amada.
Aproximando-se timidamente, chegou ao balcão onde ela estava.
Quando o viu, ela deu-lhe um sorriso e perguntou se podia ajudá-lo em alguma coisa. Era o sorriso mais lindo que ele já havia visto, e a emoção foi tão forte que ele mal conseguiu dizer que queria comprar um CD.
Pegou o primeiro que encontrou, sem nem olhar de quem era, e disse
- "Esse aqui".
- "Quer que embrulhe para presente?" - perguntou a garota sorrindo ainda mais e ele só mexeu com a cabeça para dizer que sim. Ela saiu do balcão e voltou, pouco depois, com o CD muito bem embalado. Ele pegou o pacote e saiu, louco de vontade de ficar por ali, admirando aquela figura divina.
Daquele dia em diante, todos as tardes voltava a loja de discos e comprava um CD qualquer. Todas as vezes a garota deixava o balcão e voltava com um embrulho cada vez mais bem feito, que ele guardava no closet, sem nem abrir.
Ele estava apaixonado, mas tinha medo da reação dela, e assim, por mais que ela sempre o recebesse com um sorriso doce, não tinha coragem para convidá-la para sair e conversar. Comentou sobre isso com sua mãe e ela o incentivou, muito, a chamá-la para sair.
Um dia, ele se encheu de coragem e foi para a loja. Como todos os dias comprou outro CD e, como sempre, ela foi embrulhá-lo.
Quando ela não estava vendo, escondeu um papel com seu nome e telefone no balcão e saiu da loja correndo.
No dia seguinte o telefone tocou e a mãe do jovem atendeu.
Era a garota perguntando por ele. A mãe, desconsolada, nem perguntou quem era, começou a chorar e disse: "Então, você não sabe? Faleceu essa manhã".
Mais tarde, a mãe entrou no quarto do filho, para olhar suas roupas e ficou muito surpresa com a quantidade de CDs, todos embrulhados. Ficou curiosa e decidiu abrir um deles. Ao fazê-lo, viu cair um pequeno pedaço de papel, onde estava escrito: "Você é muito simpático, não quer me convidar para sair? Eu adoraria".
Emocionada, a mãe abriu outro CD e dele também caiu um papel que dizia o mesmo, e assim todos quantos ela abriu traziam uma mensagem de carinho e a esperança de conhecer aquele rapaz.

Assim é a vida: não espere demais para dizer a alguém especial aquilo que você sente. Diga-o já; amanhã pode ser muito tarde....

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A História dos Signos

...E naquela manhã, Deus compareceu ante suas Doze Crianças e em cada uma delas plantou a semente da vida humana. Uma por uma, cada criança deu um passo à frente para receber o Dom que lhe cabia.

"Para ti ÁRIES, dou a primeira semente, para que tenhas a honra de plantá-la. Para cada semente que plantares, mais outro milhão de sementes se multiplicará em tuas mãos. Não terás tempo de ver a semente crescer, pois tudo o que plantares criará cada vez mais e mais para ser plantado. Tu serás o primeiro a penetrar o solo da mente humana levando Minha Idéia. Mas não cabe a ti alimentar e cuidar dessa Idéia, nem questioná-la. Tua vida é ação, e a única ação que te atribuo é a de dar o passo inicial para tornar os homens conscientes da Minha Criação. Por esse trabalho, Eu te concedo a virtude do Respeito por Ti Mesmo".
Silenciosamente Áries, retornou ao seu lugar.

"A ti, TOURO, Eu dou o poder de transformar a semente em substância. É grande a tua tarefa, e requer paciência, pois tens de terminar tudo o que foi começado, para que as sementes não sejam dispersadas pelo vento. Não deves, assim, questionar, e também não deves mudar de idéia no meio do caminho, nem depender dos outros para a execução do que te peço. Para isso Eu te concedo o Dom da Força. Trata de usá-la sabiamente".
E Touro voltou lentamente ao seu lugar

"A ti, GEMEOS, Eu dou as perguntas e as respostas, para que possas levar a todos um entendimento daquilo que o homem vê ao seu redor. Tu nunca saberás por que os homens falam ou escutam, mas em tua busca pela resposta encontrarás o Meu Dom, reservado para ti: o Conhecimento".
E Gêmeos voltou rapidamente ao seu lugar.

"A ti CANCER, atribuo a tarefa de ensinar aos homens a emoção. Minha idéia é que provoques neles risos e lágrimas, de modo que tudo o que eles vejam e sintam desenvolva uma plenitude desde dentro. Para isso Eu te dou o dom da Família, para que tua plenitude possa multiplicar-se."
E Câncer voltou ao seu lugar.

"A ti LEO, atribuo a tarefa de exibir ao mundo Minha Criação em todo o seu esplendor. Mas deves ter cuidado com o orgulho, e sempre lembrar que é Minha Criação, e não tua. Se o esqueceres, será desprezado pelos homens. Há muita alegria em teu trabalho, basta fazê-lo bem. Para isso te concedo o Dom da Honra."
E Leo voltou, majestosamente ao seu lugar.

"A ti, VIRGO, peço que empreendas um exame de tudo o que os homens fizeram com a Minha Criação. Terás de observar com perspicácia os caminhos que percorrem, e lembrá-los de seus erros, de modo que através de ti, Minha Criação possa ser aperfeiçoada. Para que assim o faças, Eu te concedo o dom da Pureza de Pensamento".
E Virgo, voltou pensativamente ao seu lugar.

"A ti LIBRA, dou a missão de servir, para que o homem esteja ciente de seus deveres para com os outros, para que ele possa aprender a cooperação assim como a habilidade de refletir o outro lado das suas ações. Hei de levar-te aonde quer que haja discórdia, e por teus esforços te concederei o Dom da Paz".
E Libra retornou ao seu lugar.

"A ti, SCORPIO, darei uma tarefa muito difícil. Terás a habilidade de conhecer a mente dos homens, mas não te darei a permissão de falar sobre o que aprenderes. Muitas vezes te sentirás ferido por aquilo que verás e em tua dor te voltarás contra Mim, esquecendo que não sou Eu, mas a perversão da Minha Idéia que te faz sofrer. Verás tanto e tanto do ser humano, que chegarás a conhecer o homem enquanto animal, e lutarás tanto com os instintos animais de ti mesmo, que perderás o teu caminho; mas, quando finalmente voltares a mim, Scorpio, terei para ti o Dom supremo da Finalidade".
E SCORPIO retornou ao seu lugar.

"SAGITÁRIO, a ti Eu peço que faças os homens rirem, pois entre as suas distorções da Minha Idéia, eles se tornam amargos. Através do riso, darás ao homem a esperança, e através da esperança voltarás os seus olhos novamente para Mim. Chegarás a ter muitas vidas, ainda que só por um momento, e em cada vida que atingires, conhecerás a inquietação. A ti, Sagitário, darei o dom a Infinita Abundância, para que te possas expandir o bastante até atingir cada recanto onde haja escuridão e levar até ele a esperança e a Fé".
E Sagitário voltou ao seu lugar.

"De ti, CAPRICORNIO, quero o suor da tua fronte, para que possas ensinar aos homens o trabalho. Não é fácil a tua tarefa, pois sentirás todo o labor dos homens cair sobre os teus ombros; mas, pelo jugo de tua carga, ponho em tuas mãos a Responsabilidade sobre o caminho do homem."
E Capricórnio tornou pensativamente ao seu lugar.

"A ti, AQUARIUS, dou o conceito do futuro, para que através de ti o homem possa ver outras possibilidades. Terás a dor da solidão, pois não te permito personalizar o Meu amor. Mas, para que possas voltar os olhares humanos em direção a novas possibilidades, eu te concedo o dom da Liberdade, de modo que, livre, possas continuar a servir a humanidade onde quer que ela necessite de ti".
E Aquárius retornou ao seu lugar.

“A ti, PISCES, dou a mais difícil tarefa de todas. Peço-te que reúnas todas as tristezas dos homens e as tragas de volta para Mim. Tuas lágrimas serão, no fundo, Minhas lágrimas. A tristeza e os padecimentos que terás de absorver, são o efeito das distorções impostas pelo homem à Minha Idéia, mas cabe a ti levar até ele a Compaixão, para que ele possa tentar de novo. Por essa tarefa supremamente difícil, Eu te faço o dom mais alto de todos. Tu serás o único de Meus doze filhos que Me compreenderá. Mas este Dom do Entendimento é só para ti, Pisces, pois quando tentares difundi-lo entre os homens, eles não te escutarão".
E Pisces voltou pensativo ao seu lugar.

E então DEUS disse: "Cada um de vós tem uma parte da Minha Idéia. Não deveis confundir a parte com o todo dessa Idéia, nem podereis negociar vossas partes entre vós. Pois cada um de vós é perfeito, mas não compreendereis isso até que vós Doze sejais Um. Pois então o Todo de Minha Idéia será revelado a cada um de vós"

E as Doze crianças foram embora, cada uma determinada a executar seu trabalho da melhor maneira, para poder receber o dom que lhe havia de caber. Mas nenhum entendeu plenamente sua tarefa, e quando voltaram, confusos, Deus disse: "Cada um de vós acredita que o Dom do outro é melhor. Por isso eu permitirei que negocieis entre vós". E, por um momento, cada criança ficou entusiasmada, imaginando as possibilidades da nova missão.

Mas Deus sorriu e disse: "Voltareis a Mim muitas vezes, pedindo-me para serdes liberados de vossas missões. E em cada ves que isso acontecer, Eu entenderei vosso pedido. Passareis através de inumeráveis encarnações antes que a missão originária que vos prescrevi esteja completada. Dou-vos um tempo infinito para que a completeis, pois só quando estiver terminada a missão é que podereis estar Comigo".

Graziella Marraccini

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Último abraço

"Ah, se eu soubesse que era a última vez... não teria dito nada do que disse, não teria feito nada além de te abraçar e aproveitar cada segundo sem tirar os olhos de você... Se tivessem me avisado que era a última vez, eu poderia implorar pra que você ficasse mais um pouco, só pra te explicar que mais um pouco seria muito pouco, e que por menos que fosse, já seria muito pra mim... Se eu soubesse, ah, se eu soubesse! Te falaria mil coisas, sem dizer uma palavra... te mostraria mil dias de agonia, em um olhar... e quando você estivesse saindo, eu te chamaria de volta, só pra dizer mais uma vez o 'Eu te amo' que ninguém mais vai ouvir, e te dar um último abraço, com o amor que ninguém mais vai te entregar."

Cristal Solitário

Desisto... entrego-me...

Não consigo mais lutar contra esta força que me domina a alma.

Se me volto aos céus, vejo neles teus olhos...

se me volto ao Sol, nele vejo teu corpo...

se me volto às flores, nelas, vejo teu sorriso...

se busco entre as matas refugio, nelas, sinto teu perfume...

se em desespero, por fim, tranco-me em aposento escuro,

meu corpo fica em brasa pura,

ao me sentir tocado por você.

Chegou, bateu em meu coraçãopor brincadeira, ou não...

agora me roubou a alma.

Impossível continuar lutando contra isso.

Quero-te agora, amanhã, sempre,

mesmo que sejas tu meu veneno mortal, embriago-me,

e, sem pudores ou sentidos,

sem medo de amar,

chamo-te... vem... enfim...

anjo picante, vem, toma posse de mim!

terça-feira, 9 de junho de 2009

O Conto do Macaco e a Banana

Era uma vez, numa floresta não muito distante e não muito estranha, um pequeno e inocente macaco, que acabara de nascer. Seria um macaco como muitos outros, não fosse o estranho costume dos macacos daquela floresta de alimentarem-se de fezes.

O pequeno macaquinho, frágil e ignorante, passou a comer fezes como todos os outros macacos. Achou estranho no início. Afinal, recém-nato, não conhecia outros alimentos.

Provou a iguaria com desconfiança. O gosto também não lhe agradou muito. Mas, como todos os outros macacos também a comiam achou que ele também deveria comê-la.

O tempo passou. O pequeno macaquinho transformou-se num grande macaco. Durante as inúmeras refeições, percebeu que às vezes as fezes vinham mais moles; outras vezes mais consistentes. Às vezes com um odor mais forte; outras vezes com uma coloração diferente (até azul!) Chegou à conclusão de que embora particularmente não considerasse as fezes um alimento agradável, estas fizeram com que ele crescesse e se tornasse um macaco adulto: por pior que fossem, cumpriam de forma aceitável o seu papel.

Tudo corria na mais serena tranqüilidade até o dia em que um macaco visitante lhe ofereceu algo diferente: uma banana! A banana, explicou-lhe o visitante, era um alimento nutritivo e saboroso. Esta observação não foi aceita sem um grande sentimento de insegurança e dúvida.

Impelido pela insistência do visitante, o nosso amigo macaco foi obrigado a provar a banana. Teve a mesma reação de uma criança ao experimentar uma fruta diferente: rejeição. E com esta rejeição passou a fazer comparações de forma a desprezar a fruta.

“Eu NÃO gosto de banana.” “A banana é muito ruim de comer, pois é preciso descascá-la. As fezes já vêm prontas para comer.” “O cheiro da banana é diferente, por isso eu NÃO gosto.” “A banana é muito consistente. Particularmente eu gosto quando as fezes vêm mais cremosas.” “A banana é sempre amarelinha. De vez em quando as fezes vêm azuis.” Estas foram algumas das considerações do nosso amigo macaco sobre o alimento novo (a banana) e o seu alimento usual (as fezes).

Provavelmente esta teria sido a primeira e última vez que o macaco provaria uma banana, mas a insistência paulatina do visitante fazia com que em cada visita o macaco degustasse da fruta. Passados alguns dias, o macaco foi obrigado a render-se a alguns atributos da banana.

“Pensando bem, a banana não é ruim. É verdade que é preciso descascá-la, mas o seu sabor é muito mais agradável.” “Estou notando que a banana me dá mais energia, e eu consigo executar mais rápido as minhas atividades.” “Acho que a banana cheira melhor que as fezes, mesmo quando já estão pretas.” “As bananas começam verdes, tornam-se amarelas e depois ficam pretas. As fezes chegam a ficar azuis.” Estas foram as novas reflexões do macaco sobre as vantagens da banana.

Um dia o macaco percebeu que a banana era muito melhor que as fezes. Perguntou-se então como poderia ele não ter conhecido a banana antes. Perguntou-se também como os outros macacos podem comer fezes se são tão ruins. Decidiu então a partir daquele momento alimentar-se somente de bananas, que possuíam muitas vantagens sobre as fezes. Passou também a divulgar as vantagens percebidas por ele aos outros macacos, de modo a convencê-los a ao menos experimentar as bananas.

O nosso amigo macaco foi capaz de experimentar algo diferente. Este algo diferente foi estranho, mas depois de experimentá-lo ele pôde perceber o tempo que fôra perdido ao simplesmente ignorar as bananas. Talvez nós como pessoas e profissionais devêssemos tentar experimentar as bananas que estão disponíveis ao nosso redor; ou passar o resto de nossas vidas comendo fezes.