segunda-feira, 8 de março de 2010

Egoísmo, Outrísmo e Altruísmo

Visão de mundo: egoísta, outrísta e altruísta

Entender como você enxerga o mundo é primordial para sabermos como será nossa reação aos estímulos externos. Sejam eles ligados ou não a um relacionamento afetivo.

Em um primeiro momento estes conceitos podem não fazer sentido, mas serão indispensáveis para o entendimento de como você lida com tudo que acontece na sua vida.

Egoísmo

Este é a forma mais comum de visão de mundo. Poderíamos simplificar para: existe “o eu” e o resto das coisas. Isso faz com que as suas decisões, atitudes e comportamento partam da ótica que as coisas é que estão ao seu redor, em palavras simples: as coisas estão para me servir. Em maior ou menor grau nós todos atuamos desta forma.

Quando nós partimos do princípio que existe o “eu” e o resto das coisas, nós começamos a achar que as coisas “só acontecem comigo”, que fulano olhou desta forma e então isso quer dizer que ele está bravo comigo, quando o pneu do carro furou e nos fez perder o compromisso importante falamos: “isso só acontece comigo”.

Ué! Pneus furam o tempo todo, com várias pessoas. Por que achamos que há um tipo de conspiração cósmica que faz com que olhares malvados sejam jogados sobre nós, que as coisas “só acontecem” comigo.

Ser egoísta não é só mesquinhar as coisas ou só pensar em você. É também achar que as coisas só acontecem conosco, ou que determinado fato só aconteceu por causa da nossa interferência. Se seu cachorro fizesse xixi no seu tapete você iria achar que ele fez aquilo só para te irritar? E por que quando alguém fala atravessado você acha que tal pessoa está brava contigo?

Tire-se do centro do universo e verá que as coisas são o que são, independente da sua interferência ou vontade.

Ego

O ego faz com que haja esta percepção de que somos uma unidade, nossa percepção de individualidade. O ego em si não é uma coisa boa nem ruim, é uma ferramenta como o fogo que pode queimar sua casa ou preparar sua comida, depende de como você o utiliza, pois sem ego não há criatividade, combatitividade, arte ou beleza.

Se eu segurar em sua mão ameaçando cortá-la você reagirá rapidamente tirando-a da ação do perigo.

Sua reação foi motivada pelo medo de perder a sua mão, nada mais sábio do que a autopreservação. Contudo, nosso ego infla e começa a abarcar aquilo que está ao nosso redor achando que outras coisas são “suas”, “pertencem” a você, quando na realidade são coisas ao seu redor que no máximo você interage.

O problema está quando você começa a ter a mesma reação instintiva de autopreservação com coisas externas a você: carro, casa, emprego, posição, namorada…

Seu ego, quando educado pode construir muita coisa, mas a mesma força que ele tem para construir a população em geral usa para destruir.

A visão egoísta está ligada ao seu ego encampando como “você” coisas ao seu redor. Você saberá que está projetando seu ego quando tiver medo de perder. Medo de perder a namorada ou namorado, medo de perder o emprego, medo de perder o carro, medo disso, medo daquilo.

Automaticamente terá uma reação instintiva de “autopreservação” muito parecida com aquela que teria no caso hipotético de alguém querer cortar a sua mão.

É importante entender isso, pois muito da nossa reação perante os desafios de um relacionamento afetivo estão conectadas ao ego projetado sobre as pessoas ao nosso redor: “sua” namorada, “seu” marido, “meu” filho, meu amigo, etc.

Outrísmo

De forma coloquial eu chamo de outrísmo aquela modalidade de altruísmo em que a pessoa se anula em prol do outro.

Este modo de ver o mundo é de forma insipiente chamado de altruísmo. No imaginário popular altruísmo está lidado a doar-se completamente em prol aos outros sem pensar em si. Eliminando totalmente ou quase o ego.

Altruísmo

Na visão altruísta ao contrário da egoísta, você faz parte de um todo e sabe que tudo está conectado. Sua percepção é que nada é seu, pois você mesmo não é de ninguém. Você se sente integrado a tudo e a todos, chegando ao ponto de que a felicidade de uma pessoa próxima é a sua felicidade também.

Dentro do altruísmo o seu ego é usado como ferramenta para construir o que deseja ser construído ao invés de usar a força do ego para o embate entre dois mamíferos que estão em última instância brigando por território.


Veja aqui o Post Original, no blog de Marco Carvalho.

sábado, 6 de março de 2010

A loja de CDs

Era uma vez um garoto que nasceu com uma doença que não tinha cura.
Tinha 17 anos e podia morrer a qualquer momento. Sempre viveu na casa de seus pais, sob o cuidado constante de sua mãe.
Um dia decidiu sair sozinho e, com a permissão da mãe, caminhou pela sua quadra, olhando as vitrines e as pessoas que passavam.
Ao passar por uma loja de discos, notou a presença de uma garota, mais ou menos da sua idade, que parecia ser feita de ternura e beleza. Foi amor a primeira vista.
Abriu a porta e entrou, sem olhar para mais nada que não a sua amada.
Aproximando-se timidamente, chegou ao balcão onde ela estava.
Quando o viu, ela deu-lhe um sorriso e perguntou se podia ajudá-lo em alguma coisa. Era o sorriso mais lindo que ele já havia visto, e a emoção foi tão forte que ele mal conseguiu dizer que queria comprar um CD.
Pegou o primeiro que encontrou, sem nem olhar de quem era, e disse
- "Esse aqui".
- "Quer que embrulhe para presente?" - perguntou a garota sorrindo ainda mais e ele só mexeu com a cabeça para dizer que sim. Ela saiu do balcão e voltou, pouco depois, com o CD muito bem embalado. Ele pegou o pacote e saiu, louco de vontade de ficar por ali, admirando aquela figura divina.
Daquele dia em diante, todos as tardes voltava a loja de discos e comprava um CD qualquer. Todas as vezes a garota deixava o balcão e voltava com um embrulho cada vez mais bem feito, que ele guardava no closet, sem nem abrir.
Ele estava apaixonado, mas tinha medo da reação dela, e assim, por mais que ela sempre o recebesse com um sorriso doce, não tinha coragem para convidá-la para sair e conversar. Comentou sobre isso com sua mãe e ela o incentivou, muito, a chamá-la para sair.
Um dia, ele se encheu de coragem e foi para a loja. Como todos os dias comprou outro CD e, como sempre, ela foi embrulhá-lo.
Quando ela não estava vendo, escondeu um papel com seu nome e telefone no balcão e saiu da loja correndo.
No dia seguinte o telefone tocou e a mãe do jovem atendeu.
Era a garota perguntando por ele. A mãe, desconsolada, nem perguntou quem era, começou a chorar e disse: "Então, você não sabe? Faleceu essa manhã".
Mais tarde, a mãe entrou no quarto do filho, para olhar suas roupas e ficou muito surpresa com a quantidade de CDs, todos embrulhados. Ficou curiosa e decidiu abrir um deles. Ao fazê-lo, viu cair um pequeno pedaço de papel, onde estava escrito: "Você é muito simpático, não quer me convidar para sair? Eu adoraria".
Emocionada, a mãe abriu outro CD e dele também caiu um papel que dizia o mesmo, e assim todos quantos ela abriu traziam uma mensagem de carinho e a esperança de conhecer aquele rapaz.

Assim é a vida: não espere demais para dizer a alguém especial aquilo que você sente. Diga-o já; amanhã pode ser muito tarde....